Eu sou um pouco Frida e sua paixão intensa e dolorida. Sou a suave liberdade de Iris Murdoch e seus sonhos secretos. Sou Virgínia em seus vários personagens morrendo e se libertando da própria história. Sou Sabina, amante em desatino de um homem com vários rostos. Sou poeta, cantiga, visualmente fotográfica. Sou densa, profunda em meus mares internos. Sou leve como a página de um livro que vira com o vento. Sou doce como tacho de goiabada e amarga como chás digestivos. Sou olhos de mãe que descendem de índios, franceses, italianos, ciganos. Sou minha bisavó Madalena com as rugas atuais de Dona Rosa. Sou Sofia em seu mundo literário e estou dentro da bolsa amarela de Lígia Bojunga Nunes. Eu sou um pouco de especiarias, piano e meias quentes. Sou pés descalços, morro do Cuscuzeiro. Sou menina, velhinha e, quando devo, sou mulher. Poeta da loucura, ladrão de sonhos. Sou uma estrela nua, um reflexo da lua, uma qualquer, mulher, semi-nua. Não sou libertina, porém sou real. Não sou fiel a desconhecidos e só conheço a mim mesma. Sou puro osso duro de roer. Pequenina, joaninha, engraçadinha. Sou observadora dos milagres meus, não mais de Deus.E sou você. Somos todos.Todos em um. Apenas.