Da cor da saudade, Sabrina Sanfelice, 2013.
(...)
Para ele,
ela escolheu um tom especial, o mesmo que ela observava no fundo da xícara de
café enquanto conversava, tímida, e ao levantar os olhos, encontrava outros
tons, alegres e convidativos, que transformavam a borra do líquido transparente
no recipiente branco, num filtro de sépia que permanecia apenas por uma pequena
fração de segundos, enquanto seus olhos se acostumavam depois de terem ficado
um bom tempo fixados no fundo da xícara. Quase aquelas brincadeiras óticas que
fazemos para conseguir ver uma imagem projetada na parede branca depois de
olharmos fixamente para ela por alguns segundos. Mas, nesse caso, essa
brincadeira passou a ser algo aprendido e feito constantemente, criando para
aquela fração de vida, uma eterna memória em tons de sépia.
(Trecho do conto "Amber", do livro NósVósElas, de Sabrina Sanfelice, Editora Patuá)
Sabrina ("com suas tranças feitas de lírios, compondo a trama de seus cabelos cor de âmbar", parte do poema de John Milton, de 1634).
Nenhum comentário:
Postar um comentário