Alma no beiral, Sabrina Sanfelice
Deixe-me beber
das águas profundas e infinitas
daquilo que reservas pra amanhã
Porque separar a contragosto
todo amor que transpõe os muros
só por medo de ilusão?
O orgulho dos seus lábios
é facilmente corrompido
pelo sabor latente dos seus olhos úmidos
Deixe-me emaranhar nessas tramas
trazer a tona o cadeado
que destranca sua volúpia
Só pra dizer que eu posso
com licença, eu quero
poder dizer, nos seus ouvidos
Palavras de amor
não daquelas que confundem
aquelas que perdoam
Deixe-me ser pra você
aquilo que você acredita que sou
bem lá no fundo
Sou aquela que limita
com ponteiros e silêncio
como um cubo de gelo
Mas que por dentro
chora, aflita
por um final feliz
Deixe-me
ou viva-me
intensamente
Mas não me poupe
não me tranque para fora
do seu coração
Seja fiel
ao que proclamas quando ama
tua alma infame, que me acolhe
Dia sim, dia não.
Sabrina Sanfelice
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