O último cigarro, Sabrina Sanfelice, 2008.
Domingo. Vejo um filme na TV. Aqueles que assistimos
enquanto terminamos de comer alguma coisa, esperamos o sono chegar ou qualquer
que seja o motivo, sem motivo. E esbarrei numa cena. Um dos personagens disse,
em tom de brincadeira para outro, que estava acompanhando uma mulher apenas
para acender-lhe o cigarro quando ela precisasse.
Coloquei o copo na mesinha e fiquei olhando o cinzeiro
vazio que estava em minha frente. Eu não fumo há séculos. Cigarro faz mal. Mas
no cinema o cigarro ainda é um luxo atraente. Nos faz pensar no pós-sexo, no
glamour das musas, no “Boa noite e boa sorte”. Toda gente bem resolvida, fuma.
No final, a satisfação é selada por um cigarro.
Acho que é bem isso mesmo. As pessoas estão juntas
para acender a chama umas das outras. Desde que ambas fumem, claro. Senão,
seria expectativa demais querer que alguém acenda seu cigarro quando não
carrega um isqueiro. Ou seria fantasia demais esperar que alguém acenda sua
chama se você não fuma.
Entrei na padaria. Nunca é tarde. Todos esperam a segunda-feira para começar alguma coisa.
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