segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Oculta vaidade

Espelho, espelho seu. Sabrina Sanfelice. Maceió/AL

Com todo desleixo fingido
Grito, aflita, por dentro
Questiono o tempo todo
Por onde estará minha alma?
Se não dançando num espelho?

É triste, é infelicidade
Mas, por hora, não a vejo
Suspiro, apaixonada
O reflexo, por si só é claro
São outros olhos!

O pior de não se ver
É se ver em dupla
Amarrada a fios de cabelo
Numa expectativa insana
Do meu eu-futuro

Infinitas histórias
Contadas uma a uma
Todas, já sei de cor
Um porvir seguro
Tão esperado, vivido
Condenado à narrativas

Na verdade, em suma
Sou pura expectativa
Restos mortais, esquartejados
Minha própria imaginação
Auto-sina, viver de pouco
E para a mente, muito

E quando desisto de mim
Sucumbida em outro
Pelo alheio que não mais está
Ouso virar as costas
Deixar o simulacro
E já sinto o cheiro

Em passos lerdos, se aproxima
Leio sílaba a sílaba
Meu próprio nome
Em qualquer letreiro
E me condeno a você, um eu
Como o rio a Narciso

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