domingo, 5 de janeiro de 2014

Tira-teima

Alma no beiral, Sabrina Sanfelice

Deixe-me beber
das águas profundas e infinitas
daquilo que reservas pra amanhã

Porque separar a contragosto
todo amor que transpõe os muros
só por medo de ilusão?

O orgulho dos seus lábios
é facilmente corrompido
pelo sabor latente dos seus olhos úmidos

Deixe-me emaranhar nessas tramas
trazer a tona o cadeado
que destranca sua volúpia

Só pra dizer que eu posso
com licença, eu quero
poder dizer, nos seus ouvidos

Palavras de amor
não daquelas que confundem 
aquelas que perdoam

Deixe-me ser pra você
aquilo que você acredita que sou
bem lá no fundo

Sou aquela que limita
com ponteiros e silêncio
como um cubo de gelo

Mas que por dentro
chora, aflita
por um final feliz

Deixe-me
ou viva-me
intensamente

Mas não me poupe
não me tranque para fora
do seu coração

Seja fiel
ao que proclamas quando ama
tua alma infame, que me acolhe

Dia sim, dia não.

Sabrina Sanfelice

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