segunda-feira, 31 de março de 2014

Mais um cigarro, meu amor

O último cigarro, Sabrina Sanfelice, 2008.


Domingo. Vejo um filme na TV. Aqueles que assistimos enquanto terminamos de comer alguma coisa, esperamos o sono chegar ou qualquer que seja o motivo, sem motivo. E esbarrei numa cena. Um dos personagens disse, em tom de brincadeira para outro, que estava acompanhando uma mulher apenas para acender-lhe o cigarro quando ela precisasse.

Coloquei o copo na mesinha e fiquei olhando o cinzeiro vazio que estava em minha frente. Eu não fumo há séculos. Cigarro faz mal. Mas no cinema o cigarro ainda é um luxo atraente. Nos faz pensar no pós-sexo, no glamour das musas, no “Boa noite e boa sorte”. Toda gente bem resolvida, fuma. No final, a satisfação é selada por um cigarro.

Acho que é bem isso mesmo. As pessoas estão juntas para acender a chama umas das outras. Desde que ambas fumem, claro. Senão, seria expectativa demais querer que alguém acenda seu cigarro quando não carrega um isqueiro. Ou seria fantasia demais esperar que alguém acenda sua chama se você não fuma.

Entrei na padaria. Nunca é tarde. Todos esperam a segunda-feira para começar alguma coisa. 

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