domingo, 15 de setembro de 2013

Mal secreto (Margarida)

Botões recém-nascidos, por Sabrina Sanfelice, setembro 2008

(...)
Por mais difícil que seja acreditar, vou contar-lhes uma verdade lacrada: as pessoas ainda querem amar e sofrer, seja lá com quem for. Parece quase uma obrigação: comer o doce, tomar o féu, comer o doce, tomar o féu. Uma coisa meio bem-me-quer, malmequer proposital. E no mês das flores, isso piora. Haja petálas! Haja coração! E eu, bem, eu tô cansada dessa guerrinha pervertida.

(...)

O saxofone dobrou-se para a entrada do vocal. Era uma explosão de cores e pétalas que saiam da voz do cantor que dizia, com todas as letras:

“Mas quando você vai embora,

Movo meu rosto no espelho,
Minha alma chora.
(...)

Comovo, não salvo, não mudo

Meu sujo olho vermelho,
Não fico calado, não fico parado, não fico quieto,
Corro, choro, converso,
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.”


(...)

(Trecho do conto "Margarida", do livro NósVósElas, de Sabrina Sanfelice))

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