segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sincero presente (Fulana)

Eu evolo, tu evolas, nós evolamos. Sabrina by Gisele. 


Toda história mentirosa começa com “era uma vez”. A minha não começa assim quando passo os parágrafos pela mente. Mas é mentirosa também. Todo mundo que quer vender alguma coisa, mente. E o que eu pretendo vender hoje é a credibilidade. Até mesmo para dizer a verdade, é preciso mentir. E, de qualquer forma, vou contar mesmo que não acreditem.

Era madrugada quando me ligaram. A voz do outro lado da linha dizia: sou eu, você pode falar? Eu disse, ainda com sono: eu quem? O que está acontecendo? A pessoa, num tom de ironia, riu alto como se eu tivesse dito alguma blasfêmia: como assim você não sabe com quem fala? É preciso ser muito insensível para esquecer a voz de quem dizemos amar. Mas eu realmente não sabia com quem falava e pedi, gentilmente, uma identificação.

Do outro lado, um suspiro profundo suspendeu no ar por alguns segundos a expressão dura: você quer saber quem sou?

(...)

(Trecho do conto "Fulana", do livro NósVósElas, de Sabrina Sanfelice, Editora Patuá)

Um comentário:

UIFPW08 disse...

Le tue parole sono sempre meravigliose complimenti Sabrina .
Morris